sexta-feira, 8 de abril de 2011

A mídia e os perigos do falso entretenimento

Sob o disfarce do entretenimento e da cultura popular de massa, crianças, adolescentes, jovens e até mesmo adultos estão sendo seduzidos e negativamente influenciados pela mídia ímpia – aquela descompromissada com os valores morais e familiares. Prova disso é que nos últimos meses uma quantidade significativa de pesquisas sérias e imparciais trouxe à tona os efeitos nefastos efetivamente provocados por programas que incentivam a sexualidade precoce, a infidelidade conjugal e o consumo de álcool.

Apesar de o senso comum já ter detectado essas verdades há muito tempo, tais estudos (divulgados no site Hypescience.com) ratificam o fato de que algumas ditas "produções artísticas" possuem poder de fogo suficiente para levar à bancarrota o senso ético dos espectadores contumazes.

Para começar, estudo publicado na revista científica Pediatrics, concluiu que jovens que têm altos níveis de exposição a programas de televisão com conteúdo sexual tem o dobro da chance de se envolverem em uma gravidez na adolescência nos três anos seguintes do que aqueles que assistem poucos destes programas.

Outro estudo, realizado por cientistas da Universidade de Radboud, Holanda, sugere que as pessoas tendem a consumir álcool quando vêem pessoas bebendo em filmes ou em comerciais enquanto assistem à TV. Os pesquisadores monitoraram o comportamento de 80 jovens enquanto eles assistiam televisão e descobriram que os que viam mais referências a bebidas alcoólicas bebiam duas vezes mais do que os que não as viam.

Ainda, pesquisa patrocionada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sugere uma ligação entre as populares novelas da TV Globo e o aumento no número de divórcios no Brasil nas últimas décadas. Na pesquisa, foi feito um cruzamento de informações extraídas de censos nos anos 70, 80 e 90 e dados sobre a expansão do sinal da Globo – cujas novelas chegavam a 98% dos municípios do país na década de 90. Além disso, descobriu-se que esse efeito é mais forte em municípios menores, onde o sinal é captado por uma parcela mais alta da população local.

Na esfera musical, em pesquisa realizada na Universidade de Pittsburgh constatou-se que jovens que ouvem músicas que contenham referências sexuais e degradantes, começam a fazer sexo mais cedo (ou investem nas preliminares). As pesquisas foram feitas com 711 jovens de três grandes escolas em uma metrópole. Dos participantes que eram expostos a, em média, 14 horas de músicas "sexuais" por dia, um terço já havia feito sexo. Outro terço já havia tido "preliminares", mas nunca havia praticado o coito, em si.

Os números dessas pesquisas são somente alguns indicativos que comprovam os males provocados por programas que se escondem atrás das "cortinas do entretenimento" e da cultura popular de massa, que trazem em seu conteúdo forte apelo sexual e uma gritante indiferença à instituição familiar, demonstrando que, ao contrário do que muitos imaginam, os meios de comunicação possuem influência direta no comportamento das pessoas, principalmente jovens, adolescentes e crianças, os quais, em razão da exposição contínua acabam incorporando os valores e as idéias propagadas pelos programas.

Sem prejuízo de outros elementos, o ponto de discórdia é que tais publicações ainda continuam sendo classificadas como "arte", "cultura" e "entretenimento". Historicamente existe uma explicação para tal concepção. Segundo Charles Colson & Nancy Pearcey, "quando a ciência foi ungida como o único caminho para a verdade (cientificismo), a arte foi degradada à fantasia subjetiva e os artistas foram colocados na defensiva. Eles responderam criando uma filosofia que consequentemente lança a arte como ferramenta de subversão, uma maneira de enfiar o nariz na sociedade convencional". Segundo os autores, "essa filosofia de arte-como-rebelião migrou da Europa para a América", e "como essa nova filosofia de arte ganhou superioridade, o implacável ataque às crenças e aos valores tradicionais desenvolveu-se por um fervor de profanidade e perversidade, de modo que hoje temos letras que glorificam a morte e a violência".

No pano de fundo, o grande problema é que a sociedade tem pago um preço alto demais por essa arte subversiva e por tal cultura irresponsável. Além de provocar um "emburrecimento", a mídia ímpia ainda induz as pessoas a uma visão de mundo desregrada e libertina, cujos resultados não afetam somente a própria pessoa, mas toda coletividade. Prova disso é a gravidez indesejada; a AIDS; o aborto e a violência gratuita, que cada dia crescem mais e mais.

Nesse contexto, é claro, cumpre aos cristãos se posicionarem com voz ativa, crítica e de modo inteligente, baseado naquilo que Paulo escreveu em Rm. 12.2: "E não vos conformeis com este mundo...". No entanto, o simples inconformismo não é suficiente, tanto é assim que o apóstolo dos gentios vai além, dizendo: "...mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".

No que se refere à mídia, porém, trata-se de um grande desafio. Para Colson & Pearcey o chamado para redimir a cultura popular é certamente um dos desafios mais difíceis para a fé cristã hoje; pois, graças à moderna tecnologia de comunicação, a cultura popular tornou-se uma intrusa em todas as partes. É impossível evitar a influência da cultura através das propagandas, fitas, CDs, televisão, rádio, filmes, revistas, jogos de computador, galeria de vídeos e da Internet. Assim, a cultura popular está em todos os lugares, moldando nossos gostos, nossa linguagem e nossos valores.

Nesse sentido, os pais parecem sempre em desvantagem em relação à TV no que diz respeito à influência sobre seus filhos. Enquanto os pais educam, programas da MTV, realitys shows, bandas de rock e vídeos games violentos (des)educam.

Por outro lado, os escritores Kennedy e Newcombe, no livro As portas do inferno não prevalecerão, observam que a mídia de péssima qualidade deve ser combatida por mídia de boa qualidade. Precisamos, afirmam eles, nos conscientizar de que o ataque ao Cristianismo que ocorre em nossa cultura resulta, em parte, de uma atitude mal orientada que os cristãos tiveram, no início deste século. Durante décadas, nos mantivemos afastados de nossa cultura. Deixamos a mídia, em sua maior parte, para os ímpios.

Nesse mesmo foco, tendo com esteio os princípios da cosmovisão cristã, os escritores afirmam a necessidade de termos mais âncoras, redatores de notícias, editores, produtores e diretores cristãos, já que estas pessoas estão em posição de influenciar muitos outros, em nossa cultura. A transformação da mídia através dos cristãos, dizem eles, não acontecerá da noite para o dia, se é que vai acontecer, mas sim ao longo de décadas. E nem pensem que é fácil para os cristãos entrar nessa área".

Por isso, eles propõem – acertadamente - o desafio de sua igreja assumir como meta um jornal, uma emissora de televisão ou uma estação de rádio e começar a orar e testemunhar por eles, afinal, eles afirmam, "acabou o tempo de apenas reclamarmos entre nós sobre o ataque ao Cristianismo nos filmes e na TV. É tempo de agir. É tempo de fazermos nossas vozes audíveis por aqueles que estão envolvidos na perseguição contra os cristãos. É tempo de escrever aquelas cartas ao editor. É tempo de demonstrarmos nosso apoio de uma forma prática, não apenas falando, mas investindo. É tempo de orar pelos que estão na mídia e de levar mais pessoas a Cristo, inclusive aqueles que estão na mídia. Enfim, é tempo de os cristãos entrarem corajosamente nos meios de comunicação".

Em outras palavras, é tempo de vencer com o bem"(Rm 12:21).


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